Agência Brasília resgata a história do bairro que surgiu para abrigar trabalhadores das obras de construção da capital federal A poucos qu...
Agência Brasília resgata a história do bairro que surgiu para abrigar trabalhadores das obras de construção da capital federal
A poucos quilômetros do imponente Palácio da Alvorada, testemunha dos primeiros traços de Brasília, está a Vila Planalto, bairro que surgiu para abrigar os trabalhadores que ajudaram a erguer as primeiras construções da capital federal.
Nesta quinta-feira, a Vila Planalto é o tema da série #TBTdoDF. A série especial da Agência Brasília aproveita a sigla em inglês – TBT – para throwback thursday (em tradução livre, quinta-feira de retrocesso) para mostrar fatos que marcaram o Distrito Federal.
Um dos berços da capital federal, a Vila Planalto surgiu em 1957 como reduto dos pioneiros que vieram para o quadradinho e ajudaram a tirar o sonho do presidente Juscelino Kubitschek do papel. Foram necessários 320 hectares para abrigar 22 acampamentos temporários, que acomodavam engenheiros, operários e suas famílias.
O local para instalação dos acampamentos não foi escolhido ao acaso. O engenheiro Pery da Rocha França optou pela área, uma vez que o planejamento de Brasília não previa, inicialmente, a construção de edificações na região.
“É uma região vizinha ao Palácio da Alvorada e ao Brasília Palace Hotel, duas obras que esses trabalhadores estavam escalados para construir”
“O outro fator para a escolha do endereço foi estratégico. É uma região vizinha ao Palácio da Alvorada e ao Brasília Palace Hotel, duas obras que esses trabalhadores estavam escalados para construir”, acrescenta Leiliane Rebouças, 48 anos, moradora da Vila e autora do livro Vizinhos do poder: história e memória da Vila Planalto. A escritora é filha de um pioneiro de Brasília, que chegou à capital federal em um “pau de arara” vindo do Ceará e trabalhou na construção do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional, do Teatro Nacional e da Torre de TV.
Em seu livro, ela lembra uma curiosidade sobre a origem do nome do bairro. “Parte desses trabalhadores representava a empresa norte-americana Raymond Concrete Pile Company of the Americas, contratada para atuar também na construção da Barragem do Paranoá e na montagem das estruturas metálicas dos ministérios. No Brasil, essa empresa era representada pela Companhia Planalto, daí o nome”, narra.
Memória
Em função do viés temporário dos acampamentos, todas as casas que acomodaram os trabalhadores foram construídas em madeira. O objetivo era permitir a rápida demolição das estruturas após a inauguração de Brasília. Hoje, as residências originais se resumem a um pequeno acervo de cinco casas, conhecido como Conjunto Fazendinha.
Esse grupamento residencial é um dos patrimônios materiais da capital. Em 2021, após décadas de abandono de gestões anteriores, o governador Ibaneis Rocha assumiu o acervo como um equipamento a ser administrado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec). A medida foi acompanhada de aporte de investimentos superiores a R$ 470 mil, revertidos em ações emergenciais para restaurações estruturais das casas.
Para o subsecretário do Patrimônio Cultural, Felipe Ramos, essa é apenas uma das ações públicas executadas na Vila Planalto que ajudam a manter viva a memória candanga. “A Vila Planalto tem uma história única, mas que também se confunde com a história do Distrito Federal. Preservá-la é preservar a memória das pessoas que construíram a nossa cidade, deixando também um legado rico de cultura para as demais gerações”, destaca.
Resistência
Personagem importante na luta pela fixação da Vila Planalto, Leiliane conta que a drástica redução no número de casas originais se deve ao desenvolvimento do bairro e às inúmeras tentativas de remoção dos moradores da área. As investidas tiveram início após a inauguração de Brasília, ainda em 1960, e perduraram até 1988, quando o bairro foi tombado patrimônio histórico do DF. “Quem ficou na Vila Planalto foi porque resistiu e lutou por isso”, enfatiza.
Uma das moradoras que conquistaram o direito a permanecer no bairro foi a pioneira Mea Silva Araújo. Aos 88 anos, a idosa lembra com orgulho dos quase 62 anos em que vive na região. “Antigamente, isso aqui parecia um fazendão; todo mundo se conhecia, as crianças brincavam juntas o dia inteiro. Às vezes, bate uma saudade daquele tempo!”, narra.
Moradora de longa data da Vila Planalto, Mea, uma das primeiras mulheres servidoras da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), comemora o crescimento do bairro. “A Vila cresceu muito e está muito bem-cuidada”, avalia.
O cuidado citado por Mea faz parte do esforço constante do Governo do Distrito Federal (GDF) para preservar esse verdadeiro berço da capital. Recentemente, a quadra poliesportiva localizada no centro do bairro foi recuperada e ganhou piso de concreto, pintura e instalação de grades de proteção. “Além disso, inauguramos uma quadra de areia e um campo sintético. Estamos sempre atentos às reivindicações dos moradores, e esperamos inaugurar mais equipamentos públicos no local”, acrescenta o administrador regional do Plano Piloto, Valdemar Medeiros.
Com informações:da Agência Brasília
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