A ação, realizada em parceria entre a Secretaria de Justiça e Cidadania e o Instituto de Defesa da Mulher Érica Paes (IDMEP), tem como ...
A
ação, realizada em parceria entre a Secretaria de Justiça e Cidadania e
o Instituto de Defesa da Mulher Érica Paes (IDMEP), tem como objetivo
ensinar mulheres a identificar situações de risco e ampliar sua
capacidade de autoproteção
O Distrito Federal dá um passo
importante no enfrentamento à violência de gênero. Mais de 600 mulheres
atendidas pelo programa Direito Delas, programa da Sejus, distribuídas
em 11 núcleos, participarão do projeto Empoderadas no Tatame — uma
iniciativa de seis meses que une prevenção, capacitação e fortalecimento
físico, emocional e social. A ação é fruto de uma parceria entre
Secretaria de Justiça e Cidadania do Distrito Federal (Sejus-DF), o
Instituto de Defesa da Mulher Érica Paes (IDMEP) e o Ministério das
Mulheres, com apoio da rede de proteção à mulher do DF.
A ação
irá treinar as mulheres por meio de técnicas de segurança preventiva,
preparando-as para identificar riscos, reagir a situações críticas e
romper ciclos de violência. As atividades ocorrerão duas vezes por
semana, com duração de uma hora e incluem aulas práticas de defesa
pessoal, além de oficinas de design de sobrancelhas, maquiagem,
atendimento jurídico e apoio psicossocial — um pacote completo para
fortalecer a autonomia financeira e emocional das participantes.
O projeto foi idealizado por Érica Paes — ex-lutadora de MMA, faixa preta 5º grau em Jiu-Jitsu e especialista em segurança feminina —, a proposta vai além do combate físico. “Infelizmente, os noticiários ainda trazem, diariamente, casos de violência contra a mulher. Saber como agir no momento certo pode fazer toda a diferença e até salvar vidas. Nosso foco não é a agressão, mas a prevenção”, afirmou. Segundo ela, serão oferecidas ferramentas para que as mulheres reconheçam sinais de perigo e saibam se antecipar às ações de um possível agressor.
De acordo com dados do Ligue 180, apenas em 2024 foram registrados
23.148 atendimentos no Distrito Federal, um crescimento de 37,1% em
relação a 2023, que teve 16.875 registros. As denúncias formais também
aumentaram de 2.723 para 2.923 — alta de 7,3% no comparativo anual. A
maioria das vítimas atendidas é formada por mulheres negras ou pardas,
com idades entre 40 e 44 anos, e os episódios de violência ocorrem,
majoritariamente, dentro de casa.
Histórias que inspiram
Para muitas participantes da aula inaugural, o curso representa uma verdadeira transformação. É o caso de Elusimar Madeira da Silva, 50 anos, enfermeira e integrante do núcleo do Recanto das Emas. “Estou aqui para aprender a me defender, mas também para repassar para outras mulheres que não têm acesso a essas informações. O que aprendi hoje vou levar para a vida”, contou.
Lucília Mourão de Oliveira, 68 anos, também do Recanto das Emas, vê no projeto uma forma de conscientização: “Nunca passei por uma situação de violência, mas sempre vi casos próximos. É fundamental saber como se proteger e orientar outras mulheres a buscar ajuda. Hoje aprendi, na prática, como escapar de um possível ataque”.
Mais do que defesa pessoal: um espaço seguro
A proposta do Empoderadas no Tatame vai além da prática física. O
projeto cria um espaço seguro de diálogo e apoio entre mulheres,
promovendo a autoestima e o protagonismo feminino. A secretária de
Justiça e Cidadania, Marcela Passamani, destaca a importância da
iniciativa. “Essa ação vai além do combate à violência, representa
acolhimento, cuidado e oportunidades reais para que as mulheres se
sintam seguras”, assegurou.
Ao longo do curso, essa mulheres
discutem temas como relacionamentos abusivos, sinais de alerta e medidas
de segurança em ambientes como elevadores, estacionamentos e transporte
público. As aulas práticas ensinam respostas para situações como puxões
de cabelos tentativas de estrangulamento, por exemplo, sempre com foco
na autoproteção.
Como participar
As inscrições
estão abertas para mulheres a partir de 12 anos, sem limite de vagas. A
prioridade é para atendidas pelo programa Direito Delas, mas a
participação também está disponível para interessadas da comunidade.
Para se inscrever, basta procurar um dos núcleos do Direito Delas, a
rede de proteção à mulher.
Direito Delas: atendimento e fortalecimento
Desde sua criação, em novembro de 2023, a iniciativa já realizou 9.586
atendimentos psicossociais individualizados e alcançou mais de 4,8 mil
mulheres em rodas de conversa e palestras. O programa atua em 11 núcleos
regionais no DF — Plano Piloto, Ceilândia, Guará, Itapoã, Paranoá, São
Sebastião, Planaltina, Recanto das Emas, Samambaia, Estrutural e Gama —
oferecendo acolhimento a mulheres, familiares, crianças vítimas de
violência sexual e idosos em situação de vulnerabilidade.
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